domingo, 16 de abril de 2017

Justificados por graça e fé


Ser justificados por graça e fé é como receber um grandioso presente e aceitá-lo de braços abertos. Esse presente nós recebemos das mãos do nosso criador, o qual conquistou por nós a vida eterna e a salvação por meio de sua ressurreição. Nas palavras bíblicas do Evangelho de João cap. 20, Jesus Cristo diz: “Por que você me vê, então você crê. Bem aventurados os que não viram e creram”.
Nessas palavras nos damos conta de que Deus se revela através do Evangelho, fortalecendo-nos na graça e na fé. Conforme as palavras de Efésios 2.4-8, nós luteranos confessamos que somos aceitos por Deus, ou seja, justificados unicamente através de sua graça, mediante a fé. Graça é a palavra usada para expressar a misericórdia, o perdão de Deus que nos são oferecidos por meio de Jesus Cristo.
Queremos imaginar uma pessoa que está imersa na lama. Ela não consegue sair por si mesma, necessita de alguém de fora para ajudá-la, lhe jogando uma corda. É preciso, no entanto, que a pessoa segure a corda que lhe está sendo lançada. Esta lama, por sua vez, representa o pecado que insiste em afastar a humanidade de Deus. Por nós mesmos afundamos e perecemos em nossas fraquezas. Precisamos de alguém que nos ajude e tire desta situação.
Este alguém é Deus que está constantemente presente em nossa vida, o qual nos constitui como seres humanos que são a sua imagem e semelhança. O maior e melhor presente Deus nos concede quando entrega o seu próprio Filho por amor à humanidade. Nas palavras de 1 Timóteo 2.4 nós lemos que Deus deseja a salvação de todas as pessoas, por isso é que Ele enviou seu Filho para nos libertar. Quem de nós seria capaz de tamanho amor pelo bem dos outros?
Jesus morreu na cruz, para que nós, os pecadores, pudéssemos receber o perdão de Deus e a nova vida mediante sua graça. Somos chamados e capacitados por Deus a viver uma vida de fé, a qual se renova a cada novo dia por meio da multiforme graça de nosso Senhor e Salvador.
Nas palavras de Romanos 3.23-24 fica claro que somos salvos unicamente pela graça de Deus mediante a fé. Por sua vez, a palavra bíblica também nos ensina que fé sem obras é morta. A fé no Cristo crucificado e ressurreto é que nos faz sair do nosso próprio egoísmo e ir em direção ao outro, permitindo assim que Cristo seja o nosso guia, o que por sua vez, nos torna justos diante da graça e da fé no criador e doador da vida. A fé em Cristo Jesus faz de nós pessoas melhores e capazes de reconhecer que somos simultaneamente justos e pecadores, no entanto, carecemos do perdão e da misericórdia de Deus.
Somos, portanto, desafiados a perdoar e olhar com misericórdia ao irmão na fé, na confiança de que o verdadeiro galardão, ou seja, o presente tão almejado por todos nos vem através de Cristo Jesus, que nos torna pessoas justificadas por sua graça através da fé.
Para refletir leia Romanos 3.21-31.
Pa. Mônica Barden Dahlke

Liderança bíblica eficaz


Ler no livro de 1Samuel 16:1,13 1 “Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé o belemita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.” 13 “Então Samuel tomou o vaso de azeite, e o ungiu no meio de seus irmãos; e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi. Depois Samuel se levantou, e foi para Ramá.”
Desenvolvimento
Depois de lermos em nossas Bíblias a passagem no livro de I Samuel 16:1 e 13, teremos como assunto: “Liderança”.
Através do exemplo em Davi:
Podemos observar que já na antigüidade quem escolhia os líderes para o povo de Deus era o nosso próprio Pai Celestial, único com sabedoria suficiente para tal ato, assim como acontece hoje em dia.
Alguns são bons líderes e alguns tornam-se maus líderes, principalmente por não seguirem os preceitos de Deus, mas exaltando-se a si próprio, como foi o caso de Saul, começou bem, mas, terminou mal.
Uma certeza podemos ter, Deus permite a ambos estarem no poder com algum propósito, tanto o bom, como o mau, como já observamos no estudo da lição da Escola Sabatina do trimestre passado, onde estudamos sobre os reis do povo de Israel.
Muitas vezes, é exercendo um cargo de liderança, que podemos mostrar as pessoas quem realmente nós somos: bons ou maus, ou qual realmente é a nossa capacidade de organização, trabalho, espiritualidade e consagração. Talvez este seja um dos motivos de Deus permitir a ambos, bons e maus líderes, exercerem um cargo de liderança dentre Seu povo ou na Sua igreja.
Liderança Secular e Eclesiástica
Definição de Liderança Secular:
Liderança é o ato de influenciar as pessoas a fim de fazerem o que o líder quer dentro da escala administrativa. Liderança é um relacionamento entre líderes e pessoas que eles aspiram liderar.
Definição de Liderança Eclesiástica:
Liderança na Igreja é o ato de “elevar a visão” do liderado ou membro da igreja a um conceito “superior” , ampliar o desempenho do homem ao mais “elevado padrão” , edificar a personalidade do homem além de suas limitações comuns, ou seja: O verdadeiro líder da igreja de Deus, deve deixar de lado as pequenas intrigas, pecuinhas e coisas deste tipo e ajudar a unir todos os liderados num mesmo objetivo que é o de elevar o caráter e a forma de pensar dos membros da igreja ao mesmo caráter e forma de pensar de Cristo, que eram Amor, benignidade, mansidão etc.
O que é elevar a visão do liderado, fazer com que o mesmo tenha um conceito superior e um elevado padrão? É fazer e ensinar ao mesmo com que ele enxergue a Cristo e siga assim o exemplo que nos deixou quando partiu desta terra.
A liderança Cristã é motivada pelo amor e entrega para servir. É a liderança sujeita ao controle de Cristo e seu exemplo.
Quais as 7 coisas positivas que um VERDADEIRO líder Cristão faz:
Motivar,
Incentivar,
Delegar Responsabilidade,
Comandar,
Organizar,
Ouvir,
Dar Exemplo.
Quem é modelo máximo como líder: Deus!
Uma filosofia Cristã de liderança inicia com uma compreensão de Deus e seus atos com relação as pessoas.
O Perfil de um líder espiritual: (O que é ?) Exemplos através de…
Moisés: Comprometido, Humilde, Perseverante, Participativo, Vicário (Substitutivo), Visionário, Hierárquico,
José: Honesto, Otimista, Irrepreensível, Visionário, Competente.
Daniel: Determinado a obediência Divina, Dotado de um espírito excelente, Fiel, Sem erro e culpa.
Esdras: Profundo conhecedor da lei de Deus, homem de confiança e respeito.
Neemias: Organizado, apegado à Palavra, Corajoso para tomar decisões.
Paulo: Visonário, Estrategista, Sabia delegar, Trabalhava em equipe, Dava crédito a Deus e aos outros.
Lucas: O médico amado era servo de Deus e amigo da juventude, era exemplo de mordomo.
Barnabé: Conciliador, Acreditava no potencial da juventude, Exemplo de mordomo.
Pedro: Corajoso, impulsivo, Humilde.
Que todos NÓS líderes, possamos ter um pouquinho destes perfis. Um pouquinho de Moisés, José, Daniel, Esdras, Neemias, Paulo, Lucas, Barnabé e Pedro, para assim podermos servir ao nosso Deus com honra e glória.
Liderar é: Aceitar o chamado de Deus: Lembremo-nos, nenhum líder é escolhido para seu cargo por vontade própria ou dos outros.
Aceitar e manifestar o Dom de Deus: Se aceitamos com alegria o chamado de Deus, manifestemos todo o Seu amor e vontade de servir aos nossos irmãos e a nossa igreja.
Exercer o ministério que foi confiado: Devemos com alegria honrar esta escolha divina e sem indecisões exercer o nosso trabalho.
O que os liderados esperam dos líderes?
1-Que conheçam e pratiquem os três princípios básicos da liderança: Cuidem de si mesmo, Cuidem dos outros e Cuidem da tarefa que lhe foi proposta.
2-Que respondam a quatro perguntas: Podemos confiar em você? Você sabe aonde devemos ir? Você pode nos levar até lá com segurança? Você se preocupa conosco?
3-Que atinjam o perfil esperado de um líder.
4-Que tenham em vista seis áreas básicas de atividades: O relacionamento com as pessoas, A organização eficiente da igreja, A realização dos objetivos propostos, Pensamento com base na observação, na coleta de dados, reflexão sobre fatos e conceitos, racio0cínio e julgamento equilibrado.
5-Enxergar o futuro.
6-Perseverança.
Características dos líderes admirados pelos liderados: Em pesquisa realizada com membros de diversas igrejas, várias características foram encontradas com relação a admiração dos membros pelo bom líder.
As cinco mais ressaltadas foram: Honestidade, Antecipa acontecimentos, Inspirador, Competente e Justo.
Quem dá autoridade ao líder: Ler João 19:11 ” Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, SE DE CIMA NÃO TE FORA DADO; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem.” Somente Deus pode nos dar toda a autoridade e poder.
AUTORIDADE: É o direito que o líder tem ou ganhou de Deus através dos liderados de fazer alguma coisa, de decidir a favor ou contra algo ou alguém, de agir em nome de e a favor ou contra.
Poder: É a habilidade que o líder tem ou ganhou de Deus através dos liderados de fazer alguma coisa ou impedir algo de ser feito.
Estilos de liderança:
Nós líderes, podemos exercer vários estilos de liderança, aqui estão colocadas algumas delas:
Autocrática: O líder decide sozinho e dá ordem as pessoas.
Persuasiva: O líder toma a decisão sozinho, mas apresenta motivos para que seja seguida.
Associativa: O líder não toma decisões ou opina sobre as mesmas, é apenas mais um do grupo que toma as decisões.
Democrática: O líder não toma decisões antes de consultar os liderados e deles receber sugestões que de fato influenciarão a decisão a ser seguida.
Baseado nestes estilos de liderança, qual foi o estilo de liderança de Jesus Cristo?
Nunca se esqueçamos, o melhor estilo é o Democrático, mas, as vezes, em certas situações, nós líderes devemos adotar também os outros estilos.
Quem é a autoridade máxima da igreja?
Somente Deus é a fonte e a base de autoridade para a igreja, Ele delegou autoridade aos seus profetas e apóstolos.
A Comissão como liderança da igreja:
Qual a principal responsabilidade da Comissão da Igreja?
É a nutrição espiritual da igreja e a obra de planejar e promover o evangelismo em todos os seus aspectos.
Isto está realmente sendo feito? Estamos nutrindo a nossa igreja espiritualmente, resgatando as pessoas das garras do inimigo, buscando devolta os nossos irmãos afastados ou estamos preocupados com interesses próprios e individuais e através de maus exemplos, intrigas e picuinhas afastando as pessoas de Deus, deixando assim de seguir o principal propósito da comissão da igreja que é a Nutrição Espiritual! Reflitamos nisso!
Como deve ser um líder?
É necessário portanto que um líder (ancião, diácono, etc…) seja irrepreensível, esposo uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não dado ao vinho, não violento, porém cordato, amigo do bem e hospitaleiro, inimigo de contendas, não violento, não avarento, não arrogante, não se ire com facilidade, não dado ao vinho, não violento, não seja cobiçoso, que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito, que tenha filhos crentes sem serem insubordinados. Não seja neófito e que ele tenha BOM TESTEMUNHO DOS DE FORA.
Reflitamos nestas orientações, e se algumas delas aqui colocadas está nos faltando, que como líderes de nossa igreja e representantes de Deus, possamos mudar para os moldes divinos aqui propostos e exercermos um bom testemunho, tanto para os de dentro como para os de fora.
E sobre a contenda entre irmãos?
Nunca deve o obreiro considerar virtude a persistente conservação de sua atitude de independência, contrariamente a decisão do corpo geral.
Como membros da igreja visível e obreiros na vinha do Senhor, todos os cristãos professos devem fazer tanto quanto possível para preservar a paz, a harmonia e o amor na igreja.
Acateis com apreço os que trabalham entre vós, e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros.
Divisões na igreja desonram a religião de Cristo ante o mundo e DÃO OCASIÃO AOS INIMIGOS DA VERDADE PARA JUSTIFICAR O SEU PROCEDIMENTO.
Lemos no livro PARA VOCÊ QUE QUER SER LÍDER do meu curso de Teologia com o título UM LÍDER DE VERDADE:
Um líder de verdade AMA os seus HOMENS e seu povo. O amor ensina como fazê-lo.
Um líder de verdade SE OFERECE E SE DÁ PELOS HOMENS e pela obra visando o sucesso.
Um líder de verdade NÃO É DESCONFIADO, MAS MANIFESTA CONFIANÇA nos seus homens.
Um líder de verdade IDENTIFICA-SE COM OS SEUS HOMENS e com o seu povo.
Um líder de verdade VISITA OS SEUS HOMENS e permanece com eles.
Um líder de verdade levará os débeis NO SEU CORAÇÃO e sobre os seus ombros.
Um líder de verdade, quando a adversidade provém, ESTARÁ LÁ PARA RECEBER O GOLPE.
Um líder de verdade ANTECIPA AS NECESSIDADES E SERVE.
Um líder de verdade NÃO PODE SER EGOÍSTA.
Um líder de verdade CRÊ NA SUA OBRA como uma vocação e não como trabalho.
Um líder de verdade É DESPRENTECIOSO E SINCERO; nunca pomposo.
Um líder de verdade DIRIGE sem que as pessoas saibam o que ele faz.
Um líder de verdade É CORAJOSO e se engrandece quando enfrente oposição.
Um líder de verdade torna-se água fria em vapor e SEGUE EM FRENTE.
Um líder de verdade INSPIRA OS HOMENS e infunde entusiasmo.
Um líder de verdade É EFICAZ e conserva-se em dia. Sempre se mantém na vanguarda.
Um líder de verdade NUNCA PASSA A CULPA para outro.

5 coisas importantes sobre o Reino de Deus


A doutrina do Reino de Deus não é muito bem entendida pelos pastores, líderes e crentes em geral. Fala-se muito sobre o tema, mas quase ninguém explica os detalhes, os conceitos e a importância desse tema para a igreja e a igreja em missão no mundo. Georgia Harkness, teóloga norte-americana, elencou cinco aspectos sobre o Reino. Leia com atenção porque creio que poderá ajudar você.
Primeiro, o reino significa a soberania, o governo justo de Deus. É um governo no quais poderes e bondades, julgamento e misericórdia são combinados.
Segundo, este governo soberano de Deus precisa ser aceito por nós em fidelidade e grata obediência. Não existe um reino real sem súditos. O reino não é destruído pela desobediência, porque Deus ainda governa em julgamento. O convite para buscar primeiro seu reino e sua justiça certamente exige obediência. Sem isso, apatia gera a anarquia se vontade de Deus é desrespeitada.
Terceiro, o alvo do reino aponta em direção a uma sociedade de pessoas redemidas. Uma sociedade redimida é aquela na qual a salvação é procurada e encontrada, não como indivíduos isolados, mas numa comunidade de indivíduos que se expande.
Quarto, o reino enfrenta oposição a todo o momento, e esta oposição é latente mesmo nas nossas ações mais meritórias. Não podemos minimizar o poder do mal. Essa oposição pode vir do Diabo, dos poderes demônicos da história, ou até mesmo da situação presente de pecado, ignorância, apatia e erro nos seres humanos. Os “principados e poderes” confrontam os poderes de Deus. Deus nunca é conquistado por estas forças, mas cremos que seus propósitos são atrasados e frustrados por elas.
Quinto, o reino que Deus governa é presente, mas aponta para frente. “Venha o teu reino”. Ainda que vejamos evidências da sua presença hoje, a sua consumação está no futuro. … A visão do reino de Deus não precisa ser apocaliptica, mas é sempre em algum sentido escatológica.
Em resumo, o reino de Deus é o nosso desafio último e a nossa esperança última. Portanto, não é surpresa que foi a mensagem central de Jesus Cristo. Ele precisa ser descoberto por nós, declarar e viver tudo o que é bom e verdadeiro em tudo o que o reino implica.
Antonio Carlos Barro

Investimentos rentáveis


Lucas 12.13-21
Todos temos projetos de vida. Alguns os têm mais claros, e outros apenas deixam-se levar pelo ideal de vida do momento. Porém, independente de quais sejam nossos sonhos e projetos, a maioria necessita de um investimento considerável. Alguns sonham com a sorte grande, para estes uma fezinha é sempre bem-vinda. Outros se agarram a qualquer oportunidade para levar uma vantagem financeira, hoje em dia ações de danos morais estão em alta. Outros partem para caminhos criminosos, prova disso são as inúmeras denúncias que ouvimos diariamente. Outros trabalham muito…
Qualquer um dos caminhos escolhidos são investimentos feitos em busca de um objetivo. Por vezes assumimos projetos de vida que à luz da sociedade são investimentos rentáveis, que nos trarão grandes retornos. Porém, alguns destes projetos e investimentos tornam-se reprováveis à luz do evangelho.
Transição: nesta noite, olhando para a passagem de Lc 12.13-21 gostaria de destacar três questões a serem observadas em nossos projetos e nas escolhas de nossos investimentos: (i) qual tem sido a nossa motivação? (ii) qual papel e valor temos atribuído aos nossos bens? e (iii) quais investimentos temos feito com nossos bens?
I – OLHANDO SOB A SUPERFÍCIE
  1. Quem era o homem que solicitou ajuda a Jesus?
(i) Em primeiro lugar, alguém que naquele dia estava junto à multidão que acompanhava Jesus. (ii) Alguém que havia perdido o pai, ou algum parente, e estava em busca de sua parte na herança. (iii) Por que aquele homem buscou a Jesus? – Buscava auxílio de Jesus para uma questão de divisão de herança. Não era algo extraordinário solicitar o auxílio de um ancião ou alguém de respeito como árbitro em uma questão de justiça, que comumente ocorria na porta ou sinagoga.
  1. Era uma questão justa?
Sim, era uma questão de justiça! “Naquela cultura, herdar era assunto importante, não somente para o herdeiro, mas também para a continuidade da família” (Schökel, p. 2.499). Duas querelas: Gn 21.10 (Sara não queria que Ismael fosse herdeiro junto com Isaque) e Jz 11.2 (os irmãos de Jefté o expulsam para que não tivesse parte na herança, por ser filho de outra mulher).
  1. O que Jesus vê escondido sob uma questão de justiça?
Após questionar o papel que o homem gostaria de atribuir a Jesus (árbitro da partilha), o mestre faz uma recomendação a todos que o ouvem:
“Tendes cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza” (v. 15).
Sob uma legítima questão de justiça Jesus olha para a motivação do coração, e denuncia aquilo que estava por trás do empreendimento daquele homem: “avareza, cobiça, ganância” [gr. pleonexia]. Kenneth Bailey traduz por “desejo insaciável” [1]. Jesus “vai à raiz que vicia as relações humanas e escraviza a vida às posses” (Schökel, idem).
Enquanto seres humanos somos seres desejantes, fomos feitos assim. Porém, o problema surge quando a vida passa a girar apenas em torno das satisfações dos nossos desejos. Nesse ponto, tudo mais se torna meio a nosso dispor a fim de que nossos desejos sejam satisfeitos. A recomendação de Jesus é: estejam alertas, guardem-se.
O homem da parábola já havia decidido quais eram seus diretos, a questão era escolher os recursos necessários para pressionar o seu irmão (Bailey, p. 129).
              Transição: se Jesus fala de “toda e qualquer cobiça”, isso indica que ela tem diversas formas de se apresentar. Aqui o mestre tratará apenas de uma, que pode ser apresentada como uma resposta a seguinte questão:
II – O QUE GARANTE/ASSEGURA A VIDA?
  1. Uma grande inversão: “A riqueza não é seguro de vida” (Schökel)
  • “A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Almeida Atualizada).
  • “Por mais rico que alguém seja, a vida não depende dos bens” (Bíblia do Peregrino).
  • “Mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens” (Bíblia de Jerusalém).
  • “Ainda que alguém seja muito rico, sua vida não é garantida pelos seus bens” (Bíblia Pastoral).
Segundo T. W. Manson: “é verdade que um certo mínimo de bens materiais é necessário para a vida; mas não é verdade que a maior abundância de bens significa maior abundância de vida” (Sayingsapud Bailey, p. 132). Dentre as formas em que se manifesta a cobiça/ganância está a busca por bens materiais, na esperança de que quanto maior a quantidade de bens maior tanto maior será a qualidade da vida.
  1. projeto de vida do homem rico
Jesus conta uma parábola que fala da abundância inesperada do campo de um homem rico. A parábola não trata esta abundância como fruto de exploração, mas como dádiva! Diante desta abundância inesperada ele traça um projeto de vida:
  • Destruir seus celeiros para reconsconstruir outros maiores.
  • Dirá a sua alma [vida, nefesh], ou a si mesmo: “Meu caro, você tem muitos bens guardados para muitos anos. Descanse, coma, beba e se divirta” (Pastoral).
Podemos chamar a ação daquele homem de “ação-modelo”. Ou seja, era o óbvio a se fazer diante daquela situação (aos olhos daquele contexto): a abundância de sua riqueza tornou-se seu seguro de vida!
Por meio de qual critério de avaliação a ação daquele homem pode ser tida como “loucura”? A questão da passagem não é o futuro eterno da alma. A parábola apresenta dois critérios: (i) o que sustem a vida, e mostra o que ela é e (ii) o que fazemos com as nossas posses.
  1. É Deus quem assegura/garante a vida!
O próprio Deus diz na parábola: “Louco/Insensato! Nesta noite de pedirão a vida/alma”. O projeto de vida do homem rico era garantir abundância para muitos anos de deleite. Porém, a parábola relembra de que a vida pertence a Deus – quase podemos dizer: a vida aqui é um empréstimo, que um dia será requerido. “Pedirão…” [palavra comumente usada para o retorno de um empréstimo] pode ser lido como um passivo Divino, ou seja, uma forma peculiar de falar de Jesus onde o sujeito é Deus.
“E o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).
A lembrança do fato da morte traz à memória nossa falta de poder para assegurar/garantir a vida. Embora a ideia daquele homem fosse preparar algo “para muitos anos”, a sua vida não estava em seu poder. A brevidade da vida e a nossa ausência de controle sobre ela é o primeiro ajuste que nos permite a começar a enxergar a loucura do homem da parábola: esquecer-se de que realmente assegura/sustenta a vida.
Transição: à luz da brevidade da vida ainda é possível duas respostas: (i) uma entrega à ganância/cobiça/avareza em busca de garantir a sua satisfação, ou (ii) um convite à fazer desta vida…
III – UMA VIDA RICA PARA DEUS
  1. Acumulação pessoal egoísta
Para alguém originário do Oriente Médio a vida em comunidade possui um profundo significado. Os homens mais importantes da aldeia gastam horas na porta da cidade, as transações merecem diálogo. Porém, o homem da parábola decide tudo sozinho, e ao final, Deus lhe pergunta: “para quem ficará tudo que preparou?”.
A parábola não traz nenhum detalhe sobre a família deste homem. Há possibilidades: ou ele não tinha descendentes diretos, e também não tinha contato com outros membros que poderiam herdar seus bens, ou sabia que haveria uma guerra entre os herdeiros, e ele não saberia quem venceria a disputa.
“A parábola apresenta, de forma irônica, a situação de alguém que viveu apenas para acumular, esquecendo-se de dar sentido adequado à riqueza maior que recebeu, a própria vida, e de se comprometer com os outros” (Bíblia Pastoral, p. 1.272). – Ele havia apenas entesourado para si mesmo.
  1. Então um seguidor de Jesus não pode ter posses?
Em contraposição ao “entesourar para si mesmo” Jesus fala de ser “rico para Deus”. Isto quer dizer não ter posses/bens? Primeiro devemos notar que Jesus sempre tem um olhar crítico para com a riqueza: Lc 6.24-26, os ais contra os ricos; Lc 16.19-31, a parábola do rico e Lázaro; Lc 18.24-30, o perigo das riquezas; Lc 21.1-4, a oferta da viúva pobre.
Porém, Jesus não tinha uma forma padrão para encaixar todas as pessoas. Algumas atitudes dependiam de chamada específica:
  1. Lc 18.22, ao jovem rico ele disse: “vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me”.
  2. Lc 19.1-10, para Zaqueu Jesus não pede que ele se desfaça de seus bens. Mas o próprio Zaqueu se dispõe: “resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens”.
  • Lc 8.1-3, mas também havia um grupo de mulheres que seguiam a Jesus e “lhe prestavam assistência com os seus bens”.
Independente da forma como o chamado de cada seguidor/discípulo tinha a ver com a maneira de lidar com os seus bens, para todos valem as mesmas recomendações críticas.
  1. Ser rico para Deus
Alguns intérpretes indicam como caminho para resposta à questão do que é ser rico para Deus nos vv. 33-34: “toda verdadeira riqueza da vida é um dom para os outros; por isso é rico o desprendido, ou aquele que amando põe ao serviço dos outros a abundância ou pequenez do que possui” (Comentarios a la bíblia liturgica, p. 1.343). [o menino os cinco pães e dois peixinhos]
Ajuntar tesouros nos céus envolve viver uma vida de partilha aqui. Uma vida de partilha nos convida a viver em abertura para com o próximo. Enquanto entesourar para si fecha a vida em si, ser rico para Deus abre a vida para comunhão com o próximo. Dentre as formas de investir no outro destaco duas possibilidades: (i) ajudar ao necessitado e (ii) contribuir para que os mensageiros das novas do evangelho tenham possibilidade de alcançar o maior número de pessoas com a mensagem do reino.
O princípio da partilha e ajuda aos necessitados percorre todo o NT:
  • Ef 4.28: “aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”.
  • Tg 2.15-16: “se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?”.
  • 1 Jo 3.17: “ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?”.
Transição: Jesus confronta algumas das atitudes normais para com as finanças e bens de seu contexto. Ele atenta para a motivação de um projeto de vida, convida a olhar para a vida como “empréstimo” de Deus e a vivê-la em partilha. Quais são alguns de nossos discursos modernos confrontados por estas palavras de Jesus?
IV – SOBRE INVESTIMENTOS RENTÁVEIS
  1. Estímulo/criação e satisfação de desejos
Segundo Jacques Ellul, “pode-se sempre inventar uma nova necessidade que não existia, mas que vai parecer essencial a partir do momento em que se pode satisfazê-la. Toda nossa vida econômica existe apenas para satisfazer necessidades que é preciso criar para poder escoar o novo produto” (Se és o filho de Deus, p. 66).
O marketing descobriu o poder do estímulo e satisfação dos desejos como mola propulsora para venda de produtos. Nem mais produto hoje se vende, vende-se “conceitos/estilos de vida”. Porém, “dada a profusão de ofertas tentadoras, o potencial gerador de prazer de qualquer mercadoria tende a se exaurir rapidamente (Bauman, Modernidade líquida, p. 114).
Jesus nos lança um desafio: até que ponto o estímulo dos nossos desejos insaciáveis tem determinado e motivado os nossos projetos de vida? [Não podemos nos esquecer que somos seres desejantes, e não há como fugir dessa condição] O homem que buscou a Jesus tinha em suas mãos uma questão justa, a partilha da herança, porém, sob a superfície da legalidade imperava a escravidão à ganância – uma senhora que nunca se satisfaz.
  1. Ansiedade e busca por segurança
Segundo Jacques Ellul, “o homem moderno é indubitavelmente o mais armado de seguros, de investidas sobre o futuro, de segurança, de medicina, de garantias, e eis que parece ser o homem mais ansioso e mais apreensivo que já existiu (…) Ele cobiça a segurança e o futuro. E nessa mesma medida, ele morre de ansiedade. Ele quer ser o mestre em tudo, e por isso mesmo, a menor realidade que lhe escapa é insuportável para ele!” (Se és o filho de Deus, p. 58-9).
Estamos vivendo no Brasil um momento muito delicado em relação à nossa economia. Todos os dias somos bombardeados com diagnósticos alarmantes: congelamento de aumento real do salário, revisão das normas de aposentadoria, desemprego, etc. Não há como estarmos isentos dessas questões, pois elas nos tocam e dizem respeito a nós. – São perguntas e questões justas!
Porém, quando a vida é guiada pelo projeto de satisfação desenfreada de nossos desejos criados e estimulados pela mídia (um padrão de vida), o desespero é muito maior. E nesse momento o discurso dominante ganha total legitimidade: o dinheiro assegura a vida. Não há como negar que o dinheiro traz muitas facilidades e possibilidades de satisfação de desejos.
O alimento e as vestes são necessários, porém, Jesus nos convida a olhar para eles a partir de uma ótica distinta da do mundo capitalista: “a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais dos que as vestes” (Lc 12.23). Ele complementa: “vosso Pai sabe que necessitais delas” (v. 30).
  1. “Cada um por si e Deus por todos”
Em nossa sociedade tem sido cada vez mais difundido: “o nosso futuro está em nossas mãos, somos os senhores dele”. Há pontos positivos e negativos, dependendo da forma como lemos a frase. O capitalismo possibilita a ascensão social, porém, muitos dos que sobem socialmente tem como projeto de vida uma acumulação pessoal egoísta. O que conta são nossos méritos. Aí surge a questão: “por que eu, que me esforcei, devo ajudar o outro?”. – Passamos a entesourar apenas para nós mesmos. Até o tesouro no céu torna-se um depósito que eu desfrutarei sozinho lá, no meu cantinho ou desfilando para os outros.
Não quero aqui que me entendam como fazendo defesa da miséria. Não, Deus não criou o ser humano para a miséria. A miséria humana é consequência do egoísmo que concentra quase tudo na mão de poucos. Deus se importa com as necessidades básicas da vida.
Porém, no mundo do “cada um por si e Deus por todos”, o evangelho nos lança o desafio da partilha. É uma proposta escandalosa. Às vezes esperamos a abundância: quando eu tiver em abundância, compartilharei. – Mentira! Quem não é fiel no pouco, como será no muito? Enganamo-nos a nós mesmos com esse discurso.
[Experiência: (i) oferta com dinheiro do casamento, (ii) ajuda amigo pagar faculdade] Perdemos oportunidade de sermos abençoados – de fazermos investimentos rentáveis no reino de Deus:
“Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Filipenses 4.18-19).
CONCLUSÃO
Num mundo onde quase tudo gira em torno de estímulos e criações de desejos, Jesus nos convida a estarmos atentos para com aquilo que motiva nossos projetos pessoais de vida. Às vezes nos valemos de meios fáceis (jogos de azar), de meios criminosos (corrupção), de legalmente legítimos (causas na justiça), etc., com o objetivo de assegurar a vida por meio da plena satisfação de nossos desejos insaciáveis.
O evangelho traz o desafio de reaprendermos o valor e o significado da vida como uma dádiva de Deus que não deve ser consumida em nós mesmos. Por mais que nos esforcemos, o controle sobre a vida nunca estará completamente em nossas mãos.
Como lidar então com nossos bens? Não deixando que eles se tornem a segurança última da vida, nem que nos isolem. Pois o verdadeiro investimento no reino é aquele que rompe a nossa ganância/avareza/cobiça e abre a nossa vida para vida em comunhão com o próximo. – Isso é ajuntar tesouro nos céus!
Autor: Cezar Flora
Tutor EAD: Faculdade Teológica Sul Americana,

Quando o ser humano se mostra tolo!


Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontramos graça que nos ajude no tempo oportuno. Carta aos Hebreus 4.15 e 16 (NVI).
Sempre que eu peco e tenho a mais viva consciência desse pecado, à semelhança de Adão, sou tentado a fugir e tentar me esconder de Deus. A vergonha, o medo, a frustração me levam a não querer me encontrar com Ele.
Não sou muito diferente de uma criança que quando está jogando bola e quebra uma vidraça. Sua primeira atitude é de tentar esconder o que fez; a segunda é de tentar de esconder. A culpa leva a isto.
Essa atitude de se esconder revela a tolice do ser humano. Pois o próprio autor da Carta aos Hebreus já havia dito: “Nada, em toda criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem devemos prestar contas. Carta aos Hebreus, 4.13 (NVI).
É tolice também, porque tentamos nos esconder do único que pode se compadecer de nós e nos livrar da culpa. Pois ele mesmo não só levou sobre si a minha culpa e o meu pecado, sendo o sacrifício, o Cordeiro de Deus, mas também como Sumo Sacerdote que oferece o sacrifício no altar.
Aqui cabe uma reflexão. É interessante como nós que somos pecadores e tantas vezes erramos, com tanta rapidez julgamos e condenamos e também temos grande dificuldade em perdoar. Porém, aquele que nunca peco, nos convida a ir até Ele, porque sabe o quanto o pecado é destruidor e a graça é restauradora.
Assim, o seu chamado é para que nos aproximemos do Trono da Graça com toda confiança, para que possamos receber misericórdia e graça que nos ajude no momento da necessidade.
Que palavras preciosas para mim. Misericórdia e Graça. Misericórdia. Deus vê que eu estou sujo, que estou em um poço de lama e ao invés de me empurrar para o fundo do poço, se compadece da minha situação, estende-me a mão, tira-me da lama, limpa-me mais uma vez, me põe de pé, abraça-me e beija-me como o pai do filho pródigo.
Graça, outra palavra maravilhosa. O que eu merecia era a rejeição e a condenação. Sujo e culpado. Ele olha para mim, vestido de trapos, do jeito que eu estou, Ele me diz: “Não tenha medo! Chegue para junto do meu trono de graça.” Tira os meus trapos e me veste com as vestes de filho. É nesse momento que a misericórdia e a graça se encontram e se abraçam.
Oração.
Obrigado Jesus, porque a despeito de quem eu sou e do que faço, a única possibilidade que eu tenho para ter paz é ir ao teu encontro. Mesmo que eu esteja sufocado pela culpa, medo e vergonha, o único lugar que eu tenho paz é aos teus pés, lugar de graça e de misericórdia. Ó Jesus, que eu sempre fuja do pecado; mas se eu pecar eu sempre corra para ti. Amém.
Rev. Kleber Nobre de Queiroz
Pastor da 1a Igreja Presbiteriana Independente do Natal