sábado, 15 de abril de 2017

Contentamento e gratidão: o que pedimos nem sempre combina com o que recebemos de Deus

Texto básico: Hebreus 12. 1-13
Textos de apoio– Salmo 73
– Provérbios 4. 23
– Habacuque 3. 17-19
– Filipenses 4. 10-13
– Hebreus 13. 5-6
– Tiago 1. 2-4

Introdução

Desenvolver um sentimento de contentamento diante das limitações e desventuras da vida cotidiana é um desafio considerável para qualquer ser humano. Dar um passo além, permitindo que este sentimento amadureça até se transformar em um senso de gratidão, parece então uma barreira quase intransponível. Parece.
Mas é nesta direção que os discípulos de Cristo são convidados a caminhar, reconhecendo que as lutas e tristezas que acompanham nossa peregrinação existencial carregam em si um sagrado potencial – o potencial de nos fazerem crescer, de nos fazerem mais santos, de nos fazerem, enfim, mais parecidos com nosso Mestre.
Esse reconhecimento nunca foi fácil. Por isso, o(a) autor(a) da Carta aos Hebreus fez questão de lembrá-los sobre a importância de reconhecerem o valor pedagógico da disciplina de Deus, que se manifesta muitas vezes por meio de sofrimentos e aparentes derrotas.  Uma multidão de servos de Deus passaram e tem passado por esta disciplina, ao longo da história da Igreja, e eles são um testemunho vivo de que vale à pena o esforço para completar nossa maratona espiritual (Hebreus 12. 1). Temos nos sentido desanimados diante das lutas e dos nossos aparentes fracassos pessoais e comunitários? Costumamos valorizar o longo e vasto “memorial” histórico ao qual temos acesso por meio da tradição cristã? Como isso pode nos ajudar a ter passos mais firmes na “corrida que nos é proposta”?

Para entender o que a Bíblia fala

  1. Alguém tem sido, para você, um exemplo de paciência e perseverança? Por que? Agradeça a Deus por esta pessoa.
  2. Qual é a importância de mantermos nossos olhos “fixos” em Jesus (vv. 2-3), enquanto nos mantemos na “corrida que nos é proposta”?
  3. A qual “disciplina” dos hebreus você acha que o autor da carta está se referindo (vv. 3-4, 7, 11. 35-38)?
  4. Como os benefícios da disciplina de Deus, citados nos vv. 10-12, podem nos ajudar a responder positivamente às “disciplinas” que enfrentamos em nossa “maratona espiritual”? Indo mais além, até, é possível ultrapassarmos a “mera” resignação e alcançarmos o estágio da gratidão diante desta “ação disciplinadora”? Como?

Hora de Avançar

Os atos de bondade de Deus… podem não ser exatamente aquilo que pedimos. Ele deseja não apenas melhorar a nossa vida, mas também redimi-la. Não quer nos agradar com presentes perecíveis, mas com a graça incessante. Não se propõe a aumentar os nossos bens, mas a nossa fé. Não nos livra de todos os desertos, mas os atravessa conosco. Não nos dá glória, mas humildade. Não nos tira do mundo, mas nos livra do mal. (Ronaldo Lidório) 

Para pensar

S. Lewis escreveu que “o sofrimento insiste em que nos ocupemos dele”. Segundo ele, “Deus sussurra nos nossos prazeres, na nossa conversa e por meio da nossa consciência, mas grita por meio do sofrimento”. E conclui que o sofrimento “é o megafone de Deus para despertar um mundo surdo”.
Seria correto, então, procurarmos ou mesmo desejarmos o sofrimento, como se agora fôssemos chamados a flertar com o “masoquismo”? Ou, então, imaginarmos que Deus poderia abrigar traços de “sadismo”? As perguntas são retóricas, mas a reflexão sobre elas não será perda de tempo.

O que disseram

A felicidade e a segurança estáveis que todos almejamos, Deus a retém de nós pela própria natureza do mundo; mas alegria, prazer e diversão, ele espalhou por toda parte. Jamais estamos completamente seguros, porém temos muita alegria e alguma euforia. E não é difícil saber por quê. A segurança que desejamos nos ensinaria a descansar o nosso coração neste mundo e seria um obstáculo à nossa volta a Deus. […] Nosso Pai pode até nos dar um alento por meio de algumas estalagens ou pousadas agradáveis ao longo da estrada, mas jamais nos encorajaria a confundi-las com o nosso lar.  (C. S. Lewis, O Problema do Sofrimento)   

Para responder

  1. Segundo o v. 1, devemos “deixar de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós” (NTLH) e continuar a correr a nossa maratona da fé, “sem desanimar”. Que obstáculos e embaraços você tem enfrentado em sua caminhada? Como você tem respondido à “disciplina de Deus” nestas áreas?
  2. Uma das maneiras de recebermos uma “santa disciplina” é termos alguns amigos confiáveis que representem um grupo para “prestação de contas” sobre a nossa vida e caminhada. Você participa de um grupo assim? Se não, que atitudes práticas você poderia tomar a partir de hoje para criar um “espaço-oportunidade” desta natureza em sua vida?

Eu e Deus

Muitas vezes ajo como se Tu não fosses visível o suficiente, audível o suficiente, tangível o suficiente.[…] Ó querido Jesus, por que não posso simplesmente confiar em Ti e nas muitas formas pelas quais Tu já me mostrastes Teu amor?[…] Quem teve pais, amigos e professores que irradiavam Tua afeição e cuidado? Eu tive! Quem teve muitas oportunidades de conhecer- -Te melhor e amar-Te mais? Eu tive! E, no entanto, continuo amuado e duvidoso, dizendo: “Se não puser a minha mão no Seu lado, não crerei”.  (Henri Nouwen, Meditações e reflexões, Danprewan, 2003)  
Autor do estudo: Reinaldo Percinotto Júnior
Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo “Corações quebrantados para o verdadeiro louvor“, de Ronaldo Lidório, publicado na edição 364 da revista Ultimato.

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